Cerca de 90 dias depois de meu primeiro texto sobre o assunto, vou falar mais uma vez sobre a onda do bitcoin e das criptomoedas. O tema passou a ser debatido cada vez mais na imprensa e já ganhou, inclusive, espaço na cultura popular.
Neste período, o desempenho acabou sendo misto e com forte variação. Para ser ter ideia, em uma semana de novembro, o preço do bitcoin chegou a variar entre R$ 28 mil e R$ 38 mil.
Boa parte da instabilidade se deve a um quadro de desconfianças com o potencial de ganhos e também com ajustes do mercado.
No entanto, as variações também aumentam o temor de que as criptomoedas formem uma bolha. Essa ideia foi compartilhada recentemente pela União Europeia. “Há riscos claros para investidores e consumidores associados à volatilidade dos preços, incluindo o risco de perda completa de investimentos, falhas operacionais e de segurança, manipulação de mercado e lacunas de responsabilidade”, afirmou o vice-presidente da Comissão Europeia, Valdis Dombrovskis.
O posicionamento dos países europeus tende ser mais rigoroso em relação a esse tema e nos próximos meses é possível que o G20 discute o tema em seu próximo encontro.
Outro ponto que deve ficar no radar é que existem vários tipos de criptomoedas, o que torna mais difícil a análise pormenorizada. Cada tipo de moeda tem suas características e justamente por isso as variações de valor são constantes.
O horizonte das criptomoedas
Apesar do cerco regulatório ter crescido, as criptomoedas já deixaram um legado: o blockchain. Basicamente, o sistema consiste em uma estrutura de dados que representa uma entrada de contabilidade financeira ou um registro de uma transação.
Todos os movimentos são digitalmente assinados com o objetivo de garantir sua autenticidade e garantir que ninguém cometa adulteração, de forma que o registro e as transações dentro dele sejam considerados confiáveis.
De acordo com matéria recente, publicada pela revista Isto É Dinheiro, a BRF e o Carrefour acertaram, em parceria com a IBM, a aplicação da tecnologia para impedir fraudes na produção e comercialização de alimentos.
O artigo cita que já está disponível nas prateleiras do Carrefour o lombo congelado da Sadia que usa blockchain para obter informações sobre o alimento. Na embalagem, um QR Code permite que o consumidor cheque a fábrica de origem daquele produto, datas de produção, embalamento e transporte, além da sua validade. Qualquer irregularidade na fabricação ou na distribuição poderá ser detectada pelo cliente.
Outro exemplo disso é que o Fórum Econômico Mundial enxerga o uso da tecnologia como uma forma de simplificar operações financeiras e evitar fraudes. Existem registros de uso do blockchain para autenticação de diplomas, transações de imóveis, de obras de arte e até mesmo de diamantes.
Vamos acompanhar com atenção os próximos movimentos relacionados às criptomoedas. O tema ainda renderá muitas discussões ao longo desse ano.
Comments